sábado, 9 de abril de 2011

Treino de Oralidade: o que foi lido e dito

Momento de Oralidade

1 - Leitura

"Quero ser torrencial.
Porque me penso, peso, dedico tempo?
Onde ficou a espontaneidade de ser, de dizer, de articular um pensamento passageiro... Onde deixei cair as minhas
armas e as bengalas e os pedacinhos de mim não passíveis de desconstrução?
Não me quero assim. Não me querem, também.
Porque fiquei simples num mundo que se quer complicado?

É fácil viver um exercício de geometria descritiva. Enredarmo-nos em objectivos que envolvem meandros mais
complicados que os passos iniciais; que entre rectas e pontos exteriores perdidos no espaço, e no tempo, é certo
perder o fio à meada.
Mas, afinal, o que é que me leva a este procedimento? E, ao olhar para trás, a coisa já é tão abstracta que deixa
de ser palpável numa realidade possível.

Porque me fechei num quarto escuro de pensamentos a comer chocolates que me faziam festinhas?
Não me conduziram para lado nenhum; e o caminho da moralidade ainda sim fui eu que achei...

E porque é que simples é um ideal e complicado um daily basis?
Como é que me querem ensinar o que eu nunca vi?"

2 - Dissertação

No seguimento da torrencialidade de Álvaro de Campos, trago um pequeno desabafo que escrevi quando descobri que o mundo à minha volta exigia muito mais daquilo que eu conhecia. As politiquices, o sistema, as palavras complicadas. 
Este texto refere-se também às lacunas que me detecto no campo social, no campo comunicativo, como se, de repente, eu falasse uma língua diferente do idioma comum. Ou que, a minha rádio estava sintonizada para uma frequência invulgar.
Tive muitas vezes a sensação de ver apenas mexer bocas enquanto as pessoas dialogavam nos espaços públicos: tudo isto me parece estranho; não me identifico. Só penso naquela simplicidade de ser com o pé descalço na terra, a partilhar valores com a comunidade, com tudo aquilo que nos foi atribuído pela Natureza: sem adornos.
No entanto, tenho também em mim a consciência de que pertenço a uma sociedade que vem de séculos construída e assente em modelos e é importante não adormecer para isso. É importante estar desperto e saber do que se passa na China. Estar atento e sedento do conhecimento.

3 - Improvisação 
"A auto-condescendência"

A auto-condescendência é, como o nome indica, o acto de ser condescendente connosco próprios. Isto passa por termos pena de nós mesmos, justificações elaboradas em prol da nossa justiça (as tão conhecidas desculpas!). Muitas vezes tomamos atitudes com os móbiles errados: esse móbil é, precisamente, sentirmo-nos melhor através de uma condescendência inconsciente (grande parte das vezes).
Interpreto isto de uma forma estreita: eu posso dar uma esmola a um vagabundo, quando o que eu quero no fundo é dar festinhas ao meu ego. Apesar de me sentir sensibilizada com o exemplo, sei bem que, inconscientemente, actua um factor que me diz que serei uma pessoa melhor se o fizer. E isso é desculpar-me através de um exemplo prático. Diria até, bastante hipócrita.
Não se façam festinhas - só têm a ganhar se se mantiverem duros convosco. O vosso trabalho será honesto.


Margarida, 12 F

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