Sinto-me perdida numa busca incessante de uma definição. Porque eu acordo e não sai um poema.
A poesia era a beleza que tanto procurava e não alcançava. Evoluiu sempre dentro dessa busca atenta. Um dia ergui-me da secretária e comecei a afastar-me das palavras.
Tentei mergulhar às profundezas da poesia. Fui envolvida por ondas transparentes, frias e subtis. Percebi que um poema não é mais que um mar de sentimentos. Há momentos em que as ondas nos enrolam outros em que nos conduzem até à praia. Às vezes penso que me engoliu um peixe enorme, que me levou para longe, e tudo se torna demasiado imperceptível.
Mas quando as águas baixarem vai ficar tudo na mesma. E eu vou continuar perdida, mas sempre à procura do que de poético existe.
Há momentos em que a beleza vem ao meu encontro. E diz-me “Desculpa a pergunta mas há quanto tempo estás cega?”
Retomo o fio interrompido dos meus pensamentos. Chego à conclusão que é apenas uma questão de atenção, de sequência e de rigor.
Maria João André
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