Às vezes esqueço-me que o céu existe
Ocupo a vista com construções arquitetónicas anti-sentimentais
Alimento-me das rotinas
Sociais, comunitárias e
Esqueço-me de me esquecer do eixo.
Estalar o pescoço,
Formar um ângulo
E olhar para cima.
Abstenho-me demasiadas vezes de desafogar a vista.
Por falta de paciência, por falta de coragem e, tantas vezes, por falta de lembrança.
“Enquanto formos escravos de Felipe/ Ovelhas seremos de D. Sebastião.”
Natália Correia em O Encoberto
Aguardo, receosamente, nos confins dos meus sentidos que um qualquer messias assuma contornos palpáveis e me salve das minhas perturbações, me solte das minhas amarras e me leve daqui; que me deixe do lado de fora e me traga o mundo pelas mãos.
Esqueci-me sempre de pensar em mim, de me considerar como uma força passível de ascender, de emergir, de se levar à tona até à luz.
Será este o meu modo de ser eu mesma ou simplesmente o meu modo de ser portuguesa?
Digam-me que sim… Digam-me… Oh digam-me que não, não sei… Já não sei…
Será este caminho de sonho feito para compensar a realidade?
Ana Sofia Pires
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