Momento de Oralidade de Português
Leitura:
Priiim, Priim!
Estava deitada sobre a minha cama de lençóis verdes estampados com riscas azuis e brancas quando tocaram à campainha. Tive de largar o portátil nesta mesma frase. Pousei os meus brancos calcanhares no chão de madeira e corri para a porta. Enquanto descia as escadas para responder à campainha os meus pés gritavam por socorro, estavam sem vontade de pisar o chão, toda eu me sentia cansada de nada.
Rodei a chave e abri a porta. Do outro lado estava uma senhora, de boné laranja, bata azul escura com algumas letras estampadas. Ela sorriu para mim e perguntou-me se queria comprar felicidade. Eu respondi-lhe que não e ela muito indignada respondeu-me:
- Todos querem a felicidade.
Eu disse-lhe que a felicidade não se compra, constrói-se, tal como tudo na vida. Disse-lhe também que cada um vai e vem, ou vai e não volta conforme a maré, é preciso é saber nadar e por isso não queria comprar felicidade nenhuma.
Vi um ponto de interrogação sobre a sua cabeça, ela não estava a perceber o que eu queria dizer e eu expliquei-lhe, sem rodeios e filosofias:
- Todo o tipo de sentimentos têm de ser construídos por nós. Eu tenho de sentir paixão, tristeza, dor, felicidade e outros tantos a partir das escolhas que faço, de tudo na vida. Há coisas que não se compram, nomeadamente o amor e a felicidade também é uma delas.
A senhora olhou-me de cima a baixo e disse:
- És demasiado estranha para mim. Vou bater a outra porta, não é nesta que ganho alguns trocos hoje.
Ela lá foi. Aqueles pezinhos 37, cheios de calosidades não enganavam ninguém, ela não tinha muito e por isso vendia algo absurdo. Antes de ela agarrar o elevador eu chamei-a. Perguntei-lhe o seu nome, disse que era a Cátia. Agarrei na minha carteira, tirei 2euros e fui buscar um pacote de bolachas e disse-lhe:
- Eu não te vou comprar a felicidade que tantos tentas vender mas, em compensação vou dar-te algo para brilhar o teu dia. Guarda estes 2euros, usa-os para o que te fizer mais feliz e come este pacote de bolachas, vai-te fazer bem.
As lágrimas começaram a escorrer na cara da pobre coitada. Ela agarrou-me na mão direita e disse:
- Há coisas que não se compram mesmo, e a bondade é uma delas. Obrigada, que Deus te ajude.
Puxou a porta do elevador e tocou no seu destino.
Sentia-me bem, cometi, não um crime mas um acto de bondade e dei pelos menos 2 minutos de felicidade a uma pessoa completamente desconhecida. PRENDAM-ME, PORQUE SOU CULPADA.
Ana Sofia Cabrita
Dissertação:
Explicação do texto: Foi dito que faz parte de um projecto que, desde há 3anos que o ando a realizar. Baseia-se num livro que comecei a escrever após uma fase bastante má em que senti necessidade de me aconchegar nas letras e nas palavras. Este texto é a introdução desse mesmo livro que se vai chamar “Foca-te” ou “To be continued”. Foi mencionado também que a introdução que foi lida não está completa.
É um livro que fala das variadas fases da minha vida e que tem como intuito servir de exemplo ao leitor
Ana Sofia Cabrita nº3, 12ºD
Improvisação do momento de oralidade:
Todas as palavras transmitem segredos tal como todas as letras, pontos, frases e os próprios parágrafos. Eu escrevo através da interpretação que faço dos meus sentidos, o que não quer dizer que outrem entenda o que eu digo, o que eu tento exprimir. Cada um entende como quer o que lê ou o que escreve. É um ciclo de diversidade mental e sentimental mas, contrariamente a este ciclo, há um factor igual para todos os homenzinhos deste mundo: todos escondemos segredos no que escrevemos sejam eles os que forem quer “tu” entendas ou não.
Ana Sofia Cabrita nº3 , 12ºD
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