sábado, 11 de dezembro de 2010

O que fica depois da oralidade


“Acabo de publicar o livro Ser como um rio que flui (Editora Agir), cujo título é inspirado num poema de Manuel Bandeira. “Um rio nunca passa duas vezes pelo mesmo lugar” diz um filósofo. “A vida é como um rio”, diz outro filósofo, e chegamos à conclusão de que esta é a metáfora mais próxima do significado da vida. Por consequência, é bom lembrar durante todo o tempo que:
A] Estamos sempre diante da primeira vez. Enquanto nos movimentamos entre a nossa nascente (o nascimento) e o nosso destino (a morte), as paisagens serão sempre novas. Devemos encarar todas estas novidades com alegria, e não com medo – porque é inútil temer o que não se pode evitar. Um rio não deixa de correr jamais.
B] Num vale, andamos mais devagar. Quando tudo à nossa volta fica mais fácil, as águas se acalmam, nos tornamos mais amplos, mais largos, mais generosos.
C] As nossas margens sempre são férteis. A vegetação só nasce onde existe água. Quem entra em contacto connosco, precisa entender que estamos ali para dar de beber a quem tem sede.
D]  As pedras precisam de ser contornadas. É evidente que a água é mais forte do que o granito, mas para isso é preciso tempo. Não adianta deixar-se dominar por obstáculos mais fortes, ou tentar bater-se contra eles; gastaremos energia à toa. O melhor é entender por onde se encontra a saída, e seguir adiante.
E]  As depressões necessitam de paciência. De repente, o rio entra numa espécie de buraco, e pára de correr com a alegria de antes. Nestes momentos, a única maneira de sair é contar com a ajuda do tempo. Quando chegar o momento certo, a depressão enche-se, e a água pode seguir adiante. No lugar do buraco feio e sem vida, agora existe um lago que outros podem contemplar com alegria.
F]  Somos únicos. Nascemos num lugar que estava destinado para nós, que nos manterá sempre alimentados de água o suficiente para que, diante de obstáculos ou depressões, possamos ter a paciência ou a força necessária para seguir adiante. Começamos nosso curso de maneira suave, frágil, onde até mesmo uma simples folha o pára. Entretanto, como respeitamos o mistério da fonte que nos gerou, e confiamos na Sua eterna sabedoria, aos poucos vamos ganhando tudo o que nos é necessário para percorrer o nosso caminho.
G]  Embora sejamos únicos, em breve seremos muitos. À medida que caminhamos, as águas de outras nascentes aproximam-se, porque aquele é o melhor caminho a seguir. Então já não somos apenas um, mas muitos – e há um momento em que nos sentimos perdidos. Entretanto, como diz a Bíblia, “todos os rios correm para o mar”. É impossível permanecer na nossa solidão, por mais romântica que ela possa parecer. Quando aceitamos o inevitável encontro com outras nascentes, acabamos por entender que isso nos faz muito mais fortes, contornamos os obstáculos ou preenchemos as depressões em muito menos tempo, e com muito mais facilidade.
H]  Somos um meio de transporte. De folhas, de barcos, de ideias. Que as nossas águas sejam sempre generosas, que possamos sempre levar adiante todas as coisas ou pessoas que precisarem da nossa ajuda.
I]  Somos uma fonte de inspiração. E portanto, deixemos para um poeta brasileiro, Manuel Bandeira, as palavras finais:
“Ser como um rio que flúi
Silencioso no meio da noite
Não temer as trevas da noite
Se há estrelas no céu, reflecti-las.
E se o céu se enche de nuvens
Como o rio, as nuvens são água;
Reflecti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranquilas.”
Como o rio, as nuvens são água;
Reflecti-las também sem mágoa
Nas profundidades tranquilas.”



Este texto do escritor Paulo Coelho é uma comparação bem sucedida entre a vida e o percurso de um rio, da nascente até à foz.
São muitas as vezes em que queremos arranjar comparações possíveis para explicar o significado da nossa vida. Explicar as várias etapas que estão bem definidas na nossa vida, embora pensemos que não.
Ao longo da nossa presença no mundo terrestre vamos estando expostos para inúmeros problemas, vamos enfrentar variadas situações, boas ou más.
Paulo Coelho diz “As pedras precisam de ser contornadas”. É evidente que a água é mais forte do que o granito, mas para isso é preciso tempo. Não adianta deixar-se dominar por obstáculos mais fortes, ou tentar bater-se contra eles; gastaremos energia à toa. O melhor é entender por onde se encontra a saída, e seguir adiante” com estas palavras é que, as pedras são os nossos problemas e estes devem ser contornados. Perante os nossos problemas não deveremos perder todas as nossas forças no momento em que aparecem, mas sim pensar na melhor solução para os acabar e aí com todas as nossas forças lutar contra eles.
Na minha opinião, este texto é muito inspirador para muitas etapas que já passei, passo e irei passar ao longo da minha vida. Transmite força e esperança.
Iniciámos esta viagem desde o primeiro dia da nossa vida, já estivemos diante de várias “primeira vez”, já contornámos muitas pedras, já entrámos e saímos de buracos, vamos traçando o nosso destino, tornamo-nos mais fortes à medida em que vamos vivendo. Já inspiramos e iremos inspirar até ao dia do nosso destino final.
Com este texto obtenho uma ideia mais simples e clara do nosso percurso de vida na realidade!

                      “O pensamento do Rio”

Quantas vezes não penso na vida? No que fiz bem ou no que tenho de mudar para melhorar…
Sem querer definir em tempos como queria que a minha vida fosse. Estabeleci metas para as várias etapas que penso serem as mais importantes e necessárias para mim. Em tal idade quero ir para a faculdade, depois vou para o estrangeiro durante  uns anos, depois regresso para construir a minha família e o nível de vida que idealizo, e quando já for velhinha reflicto em tudo o que já fiz, e depois… parto quem sabe para outra nascente.
Mas o que me vou apercebendo à medida que vou crescendo e vou mudando de mentalidade, é que todos os dias traço um novo destino na minha vida, nada é certo. Quando em tempos o pensamento do “rio” era um assunto em constante reflexão, hoje aceito-o como um pensamento incerto.
Hoje, por querer definir como quero que a minha vida seja, quero orgulhar-me de mim mesma e orgulhar os que me amam.


                                                                              Carolina Almeida 12ºB

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