terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Momento de Oralidade (o que ficou)

Maria João Félix André nº18 12ºB
13 de Dezembro de 2010

1.       Leitura
Que sentido faz a Pont Neuf (Ponte Nove), em Paris estar durante duas semanas totalmente embrulhada em tecido? Ou 11 ilhas em Miami, na Florida, serem temporariamente rodeadas por lonas cor de rosa? À partida não faz sentido nenhum. Muito menos quando não estão a ser alvo de obras ou revelações estruturais de fundo. Mas o artista plástico búlgaro Christo Javacheffe a sua mulher Jeanne-Claude provaram precisamente o contrário quando com as suas dezenas de intervenções artísticas em espaços públicos urbanos e na natureza, um pouco por todo o globo. (…) Passaram-se quase 50 anos desde que Christo e Jeanne-Claude começaram a surpreender o mundo através da ocultação de objectos, edifícios e paisagens urbanas e rurais, fortemente ligadas ao imaginário do público, produzindo um jogo de tensão e reflexão entre o visível e o invisível, entre o que existia e o que passou a existir. Provocaram emoções perante uma (nova) realidade aparatosa, bela e fantástica. (…) O artista “embrulhador” ou “transformador” não é uma divindade mas pela grandeza, morosidade e notoriedade das suas obras alcançou um estatuto de quase mito ou lenda das artes plásticas. Não responde a e-mails (tem um agente que faz isso por ele), raramente dá entrevistas e recusa quaisquer propostas ou sugestões que lhe façam sobre locais ou edifícios para intervir artisticamente.
Revista Única, Expresso 11 de Dezembro de 2010

2.      Dissertação
Christo e Jeanne-Claude são autores de diversas intervenções artísticas em espaços públicos. Christo nasceu na Bulgária a 13 de Junho de 1935, e a sua mulher Jeanne-Claude em Marrocos, na mesma data. Jeanne-Claude faleceu no ano passado com 74 anos.
O casal iniciou o seu trabalho em 1961 começando logo com projectos de grande escala. O total de obras concluídas, expostas ao público foi vinte. Trinta e nove ficaram para trás por não terem obtido permissão para serem realizadas. Entre as suas obras destacam-se:
·         11 Ilhas da baía de Byscaine, em Miami, na Florida, foram envolvidas de cor de rosa, 1983;
·         Embrulho da Ponte Neuf em Paris, 1985;
·         O Parlamento de Berlim foi “empacotado” com 100 mil metros quadrados de um tecido especial de alumínio, 1995;
·          “Wrapped Trees”, parque Berower, em Rihen, na Suíça, 1998. Foram embrulhadas 178 árvores com 55 mil metros quadrados de tecido em poliéster e 23 quilómetros de corda. Uma ideia de 1966 e que demorou 32 anos até ser concretizada;
·         “The Gates”, Central Park, Nova Iorque, 2005. 7500 Cortinas de panos suspensas por traves a dois metros do chão estiveram expostas durante 16 dias no parque;
·         Forrar o rio Arkansas, no Colorado (EUA), com tecido luminoso transparente suspenso ao longo de 10 quilómetros do seu caudal. Previsto para Agosto de 2014.

Apesar de demorarem anos a serem preparadas, as obras não ultrapassam as duas semanas de exposição. Os custos são integralmente suportados pelos artistas, que se servem da venda estudos, desenhos preparatórios e maquetas como fonte de financiamento dos projectos.
As obras de arte monumentais provocam emoções e criam novas realidades. Deixaram a sua marca um pouco por todo o mundo e, apesar de Jeanne-Claude já ter falecido, Christo continua a “embrulhar” e a assinar as obras pelos dois.

3.       Improvisação

O pensamento de uma árvore embrulhada

Embrulhadas, as árvores estão protegidas. Toda a gente gosta de ter um abrigo, uma protecção. A cobertura facilita a exposição às condições atmosféricas. Mas será que não é essencial às árvores molharem-se, balançarem ao ritmo do vento e apanharem sol nas suas folhas? Não sei. Ninguém sabe.
A verdade é que não consigo atribuir um pensamento às árvores. Será que se sentem presas ou acolhidas? Apertadas ou protegidas?
O projecto “Wrapped Trees” de Christo e Jeanne-Claude pode ser considerado uma obra de arte ambiental. E se assim o é não pode ser outra coisa que amiga do ambiente.
De qualquer forma, não é todos os dias que se embrulham árvores.

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