Leitura:
Anástrofe e incerteza em Tony Carreira
Quem é, hoje, o mais conhecido poeta português?
A academia divide-se, o que demonstra, uma vez mais, que a Academia não percebe nada do assunto. Inúmeros portugueses sabem os seus versos – e, no entanto, a universidade despreza-o, a crítica ignora-o, as selectas barram-lhe a entrada. Valha-nos o povo, especialmente aquela parcela do povo que é constituída por senhoras maiores de 50 anos, que o venera. O mais famoso poeta da actualidade é, sem dúvida nenhuma, Tony Carreira. Fazia falta um estudo sério sobre a sua obra. Um pouco vergado sob o fardo de ser sempre pioneiro a fazer o que faz falta, aqui o apresento.
O primeiro aspecto que o leitor de Tony Carreira deverá ter em conta é o seu universo vocabular. Carreira definiu um vocabular restrito, não porque queira como Eugénio de Andrade, estabelecer um conjunto de vocábulos essenciais e, a partir desse núcleo, obter uma expressividade reforçada pelos contextos inesperados q surgem, mas, ao que tudo indica, porque conhece poucas palavras. E a maior parte das que conhece não tem muitas sílabas. Tony Carreira não perde tempo a procurar o adjectivo certo. Na dúvida, é tudo «lindo». É o caso da vida, no poema «Não chores mais» («Não chores mais/ não nunca mais/ que a vida é tão linda»), da mãe, em «Mãe querida» («Hoje velhinha estás, querida mãezinha/ Mas para mim sempre serás tu a mais linda»), de uma casa, em «Coração perdido» («Hoje vives numa linda casa»), ou de varias coisas, no poema «Ai que saudades» (nele o herói parte de «uma casinha branca tão linda», recorda «esse cantinho doce e tão lindo» e anseia pelo regresso à «ilha linda (…) que o viu nascer»,que é, evidentemente, a «ilha da Madeira»).
Mas quem é, no fundo, Tony Carreira? No essencial, talvez um vagabundo. O poeta apresenta-se como «um eterno vagabundo» (em «Quem era eu sem ti»), declara «Sou vagabundo, não vou parar» (em «A minha guitarra»), descreve-se como «um romântico, meio vagabundo» (em «Será que sou feliz»), adianta que «ninguém conseguia mesmo parar/ o meu lado vagabundo» (em «Um homem muda»), define-se como um «vagabundo feliz» (em «A minha que eu escolhi») e, no belíssimo «Eterno vagabundo», confessa: «Já pensei ter mulher/ Ter um lar a condizer/Mas não deu// Porque o meu coração/ É vagabundo/ Até mais não». Talvez o melhor retrato do poeta seja, de facto, o deste «vagabundo até mais não», uma vez que, como vimos, há muita indigência na poesia da Carreira (e aqui estou a ser tão denotativo quanto conotativo).
Enquanto poeta, Tony Carreira está preocupado com dois problemas principais: a quantidade de frases que, não terminando numa palavra acabada em «ar», não podem rimar com outras frases que terminem numa palavra acabada em «ar» ( e por isso recorre com frequência a belas anástrofes, como em «Morena bonita»: «Um dia destes eu com ela vou falar/ Vou fazer tudo p’ra seu amor conquistar»); e as idiossincrasias do amor, e as perplexidades que elas causam. Neste capítulo, são exemplares os poetas «Qualquer dia posso-me cansar» («E quando as coisas correm mal porque é que tu ofendes/ Se ao fim da noite queres fazer as pazes na calma?») e «Cai nos meus braços, Maria»(«Tu que estás aí dançando/ Faz aquilo que eu desejo/ Vem para mim bamboleando/ Sim, tropeça nos meus beijos (…)Vem nesse
bamboleando/ Escorrega nos meus lábios»), sendo que este último parece alertar para o carácter traiçoeiro dos beijos, que ora fazem tropeçar, ora saem de lábios escorregadios. A registar por quem, desejando entregar-se aos prazeres do amor, não queira, ainda assim, partir uma perna.
Fica o incentivo para uma leitura atenta da poesia de Tony Carreira – que, por ser inclassificável, não me sinto capaz de adjectivar. A não ser, talvez, com a expressão «muito linda».
Pereira, Ricardo Araújo. Boca do Inferno, Lisboa. Tinta-da-china. 2008
Dissertação:
Ricardo Araújo Pereira
· Humorista português;
· Nasceu em 28 de Abril de 1974;
· Filho de piloto da TAP e assistente de bordo;
· Aluno de colégio de Freiras e licenciou-se em comunidade social e cultural na Universidade Católica Portuguesa;
· Começou a trabalhar como jornalista no jornal letras, artes e ideias;
· De seguida colaborou em programas como argumentista de sucesso como:”Herman SIC” e o “Programa da Maria”. E escreveu várias crónicas nos jornais: “Expresso” e “Diário de Notícias”;
· Apareceu em 2003 na TV, continuando a sua carreira como actor humorista também em: “Levanta te e ri”, “O perfeito a normal” e “Gato fedorento”. Mais tarde elaborou: “Série Fonseca”, “Série Meireles”, “Série Barbosa”, “Diz que é uma espécie de magazine” e “Zé Carlos”;
· Actualmente escreve no jornal “A bola” e na revista “Visão”. As melhores crónicas publicadas na revista “Visão” foram utilizadas nos livros “Bocas do Inferno” e “Novas Bocas do Inferno”;
· Por fim, Benfiquista, mora na margem sul com a sua esposa Maria José Areias e com as suas duas filhas Rita e Inês.
Improvisação:
Chão
O chão é tudo aquilo que pisamos, quer seja terra arável ou pavimento.
É a superfície onde construímos as nossas primeiras casas onde plantamos e colhemos os nossos alimentos e onde nos colocamos.
Devido ao egoísmo de algumas pessoas, a disputa pelos territórios provoca discussões, guerras e outros conflitos. Além disso, maltratamos a terra fazendo de alguns lugares lixeiras e abatemos os seres vivos permanentemente ligados a ela que são as árvores.
A terra e todo o meio ambiente deve ser preservado, porque ao destruímos o que nos rodeia, estamos a prejudicar-nos directamente e a hipotecar a nossa espécie.
Desde os primórdios da nossa civilização, a terra, o ar, a água e fogo são considerados os quatro elementos essências.
Rita Duarte, 12 F
Nenhum comentário:
Postar um comentário