domingo, 13 de fevereiro de 2011

Crítica à peça FELIZMENTE HÁ LUAR

                                    Van Gogh             
                                  
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“A Barraca” pega neste texto e encena-o pelas mãos de Hélder Costa dando-lhe um registo que alterna entre o cómico e o trágico, tendo como pano de fundo o contexto social e político da época. Encenação bem conseguida, apesar do arranque lento dos actores,. No entanto, algures nas linhas de Sttau Monteiro, em conjunto com a estética da peça e também pelos artistas, somos acordados para a decadência da sociedade portuguesa. A peça mostra-nos um ambiente em que Portugal é diminuto: as pessoas são pequenas, as ambições apertadas, a luz é cerrada e parece que com o decorrer da peça o cenário diminui cada vez mais até que só restam as sensações. Quebra-se a “quarta parede”.
O leque de actores é rico: Maria do Céu Guerra, João D’ Ávila, André Nunes, Luís Thomar, Patrícia Marques, Pedro Borges, entre muitos outros. Há que denotar a presença inabalável de Maria do Céu Guerra no papel de Matilde, mulher do General, que me emocionou várias vezes ao longo da peça, apesar de esperar mais,. Todos os  outros , no registo umas vezes trágico, outras vezes cómico, algo submisso, deram o seu contributo para o "inconstante" bom desempenho geral. Mas foi sem dúvida o General Gomes Freire de Andrade, a personagem chave desta peça, pois é aquele que está sempre presente embora nunca apareça e no entanto, a certo ponto imaginamo-lo a subir ao cadafalso.
A sonoplastia e luminotecnia da peça estiveram a cargo de Fernando Belo e Rui Mamede que fizeram um excelente trabalho através do dinamismo do desenho de luz e das soluções originais que resultaram na perfeita transposição de cenas. O cenário foi muito bem resolvido com as pequenas casas iluminadas e sobriamente dispostas em fileiras apertadas em que a luz determinava a situação. As opções estéticas do encenador estão realmente de parabéns.
[...]"

Andreia Verdugo

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