ACORDO
ORTOGRÁFICO
Súmula - 2010-2011
Sumário
I – Nota introdutória
II – Entrada em vigor nas escolas portuguesas
III – Um pouco de história sobre o Acordo Ortográfico
· Características de âmbito geral
IV – Casos relevantes das alterações do AO
1. Maiúsculas e minúsculas
2. Uso de consoantes mudas
3. Supressão de acentos gráficos
3.1. Verbos da 2ª conjugação
3.2. Palavras homógrafas
3.3. Palavras graves com ditongo –oi-
4. Uso do hífen
4.1. Supressão
4.2. Manutenção do hífen
5. Casos de dupla grafia
V - Bibliografia consultada e a consultar
I – Nota Introdutória
As informações aqui transmitidas sobre o AO à comunidade escolar têm essencialmente dois objectivos. O primeiro, fazer compreender que este novo acordo é o culminar de um processo, iniciado há vinte anos. A língua portuguesa, enquanto processo dinâmico que é, só começou a estabilizar no início do século vinte. De então para cá já sofreu alterações várias, nomeadamente na sua grafia. O segundo objectivo é apresentar alguns casos mais evidentes emais comuns das novas alterações, não pretendendo nunca esgotar toda essa informação, mas, apenas, constituir um ponto de partida.
Por fim, não sendo um objectivo, é nossa intenção apresentar esta questão de uma forma despojada de intenções a favor ou contra. Embora estejamos conscientes de que, tanto para alunos como para professores, a entrada em vigor e a ruptura com o hábito linguístico fere de forma profunda a nossa sensibilidade de amantes da língua mãe e deixa-nos um sabor a vazio de algo que se vai e que já nos tínhamos habituado a ser nosso.
II – Entrada em vigor nas escolas portuguesas
Embora ainda a decorrer um período de transição de 2009 a 2015, a nova ortografia será implementada, no sistema educativo português, a partir do próximo ano lectivo, i.e., Setembro de 2011/2012, de acordo com a resolução do Conselho de Ministros de 9 de Dezembro de 2010, publicada em Diário da República, 1.ª série – N.º17 – 25 de Janeiro de 2011.
O referido diploma determina ainda a aplicação do AO, na mesma data, aos manuais escolares a adoptar para esse ano e seguintes, mantendo-se a vigência dos já adoptados até à sua reimpressão ou terminus do período de adopção.
III - Um pouco de história sobre o Acordo Ortográfico
A primeira tentativa de unificação ortográfica da língua portuguesa data de 1911, com a primeira reforma ortográfica. Se, nessa altura, o Brasil se manteve à margem de qualquer acordo, foi a partir de 1931 que se fizeram diversos esforços por encontrar uma ortografia comum. Mas, já nas duas últimas tentativas, em 1980 e 1990, além de Portugal e o Brasil, participaram também novos países africanos de expressão portuguesa. Assim, a 16 de Dezembro de 1990, o Novo Acordo Ortográfico foi preparado pelas delegações da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia Brasileira de Letras e de países africanos lusófonos, e aprovado politicamente pelos ministros e secretários de estado da cultura dos sete países. A tentativa de ratificação do acordo pelos sete países falhou em 1994. Um protocolo modificativo do Acordo foi aprovado com a participação de Timor-Leste, defendendo a sua aprovação desde que ratificado por três países. Actualmente já está ratificado por quatro países, incluindo Portugal. (cf. Casteleiro, M. & Correia, P.D., 2008, 3-4)
Algumas Características de âmbito geral do Acordo Ortográfico (AO)
· Preferência do critério fonético ao critério etimológico.
(ato, em vez de acto; ótimo, em vez de óptimo; seleção, em vez de selecção)
· Inclusão das letras K, W e Y no alfabeto português (embora já fizessem parte dos dicionários de língua portuguesa), usadas em palavras estrangeiras, neologismos e símbolos.
· Redução e sistematização optimizada das regras de emprego do hífen, no que se refere especialmente às palavras formadas por prefixação, recomposição e justaposição (práticas já normalizadas na grafia de certas terminologias).
· Supressão de acentos ortográficos (veem, em vez de vêem; abençoo, em vez de abençôo; frequente, em vez de freqüente).
· Redefinição de casos de dupla grafia (corrução (bras.) e corrupção (port.).
· Redefinição de casos de dupla acentuação, conforme o timbre soa aberto ou fechado (fenómeno/fenômeno; génio/gênio).
Convém saber ainda que:
· O AO visa a unificação possível, uma vez que a unificação total parece impossível.
· As alterações introduzidas não interferem absolutamente nas diferenças orais dos países nem nas variações da gramática ou do léxico.
· O AO previu a produção de um glossário alargado, i.e., Vocabulário Ortográfico Unificado, com a colaboração dos países subscritores, de forma a minimizar os constrangimentos surgidos na sua aplicação.
· Texto integral do Acordo OrtográficoAQUI.
IV - Casos relevantes das alterações ao AO
1. Maiúsculas e minúsculas
1.1. Passam a escrever-se com inicial minúscula:
- dias da semana
- meses do ano
- estações do ano
- pontos cardeais e colaterais (sul, norte, este, oeste)
* mas: as abreviaturas mantêm-se em maiúscula, bem como a designação de regiões:
A bússola indicava N.
O Sul é mais quente.
- fulano, beltrano, sicrano
1.2. Uso opcional:
- Títulos de livros, nos quais o primeiro elemento se escreve sempre com maiúscula, bem como os nomes próprios:
A Cidade e As Serras ou A cidade e as serras.
A Ilustre Casa de Ramires ou A ilustre casa de Ramires.
- Fórmulas de tratamento:
Senhor Professor ou senhor professor
Exmo. Sr. ou exmo.sr.
- Designações de domínios do saber, cursos e disciplinas escolares:
Português ou português
Curso de Design Gráfico ou curso de design gráfico
- Locais públicos, templos ou edifícios:
Rua dos Fanqueiros ou rua dos fanqueiros
Mosteiro da Batalha ou mosteiro da batalha
2. Uso de consoantes mudas
2.1. Supressão nosgrupos consonânticos (porque não se articulam):
- CC
abstraccionismo>abstracionismo
leccionar>lecionar
*mas: ficcional, friccionar
- CÇ
direcção>direção
selecção>seleção
projecção>projeção
*mas: convicção, ficção
- CT
acta> ata
afecto>afeto
directo>direto
correcto> correto
*mas: facto, pacto, intelectual, pictórico
-PC
decepcionante>dececionante
recepcionista>rececionista
*mas: opcional, egípcio
- PÇ
excepção>exceção
percepção>perceção
*mas: interrupção, opção
- PT
Egipto >Egito
Adoptar >adotar
*mas: rapto, apto, adepto, eucalipto
2.2. Manutenção de consoantes mudas:
2.2.1. H inicial, de acordo com o uso:
haver; homem; hera
hã? hem? hum!
2.2.2. Na grafia das assinaturas e firmas, de acordo com o registo legal adoptado:
Optimus
Mello
3. Supressão de acentos gráficos
3.1. Verbos da 2ª conjugação, na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo:
crêem> creem
dêem> deem
vêem> veem
lêem>leem
3.2. Palavras homógrafas, a distinguir de acordo com o contexto:
pára> para
pêla> pela
pêra> pera
Côa >Coa
*mas: pôr e pôde para se distinguirem de por (preposição) e pode
(presente do Indicativo)
andámos, para se distinguir de andamos (presente do
indicativo)
dêmos (presente do conjuntivo) e demos (pretérito perfeito
do indicativo do verbo dar)
3.3. Palavras graves com ditongo oi:
heróico>heroico
jóia>joia
4. Uso do Hífen
4.1. Supressão do hífen:
- O prefixo termina em vogal e o elemento seguinte começa por-r- ou -s- , dobrando-se estas consoantes:
anti-revolucionário>antirrevolucionário
auto-rádio>autorrádio
auto-serviço>autosserviço
contra-relógio>contrarrelógio
micro-sistema> microssistema
mini-saia> minissaia
semi-selvagem>semisselvagem
ultra-sónico>ultrassónico
- O prefixo termina em vogal e o elemento começa por uma vogal diferente:
anti-aéreo> antiaéreo
extra-escolar>extraescolar
auto-estrada>autoestrada
pluri-anual> plurianual
- Nas formas do presente do indicativo do verbohaver:
hei-de> hei de
hás-de> hás de
há-de> há de
hão-de> hão de
- Nas palavras compostas e locuçõesconstituídas por um nome seguido de preposição e de outro nome:
casa de banho
cor de vinho
fim de semana
- Nas palavras constituídas pelos advérbios não ou quase, seguidos deoutra palavra:
não alinhado
não fumador
quase dito
quase estático
4.2. Manutenção do hífen
- O prefixo termina em vogal e o elemento seguinte começa pela mesma vogal:
anti-ibérico
contra-almirante
micro-ondas
semi-interno
*mas: os prefixos co- /pre-/pro-/re- que ocorrem aglutinados, mesmo quea palavra seguinte se inicie pelas mesmas vogais:
cooperar; coordenar
preeminência
proordem; proótica
reescrever
- Quando o segundo elemento começa pela mesma consoante com que termina o prefixo:
hiperresistente
- Quando o segundo elemento se inicia por –h:
anti-higiénico
pré-histórico
sobre-humano
-Quando o prefixo é acentuado:
pré-operatório
pós-independência
- Quando o segundo elemento é um estrangeirismo, um nome próprio ou uma sigla/acrónimo:
anti-aphartheid; anti-ETA
pró-António Arroio
- Quando o prefixo ex-significa anterioridade:
ex-marido
ex-presidente
*mas, mantém-se quando ex- significa
“movimento para fora”:
excêntrico; excesso; excomungar
- Designações de espécies botânicas e zoológicas, ligadas ou não por preposição:
Abóbora-menina, feijão-verde, ervilha-de-cheiro, bem-me-quer, andorinha-grande, formiga-grande; bico-de-papagaio (flor)
*mas: bico de papagaio (espondilose)
- Nomes gentílicos derivados de topónimos compostos:
são-tomense
nova-iorquina
-Quando o prefixo termina em –m ou –n e o segundo elemento começa por vogal, n ou m:
circum-navegação
pan-africano
5. Casos de dupla grafia
- Quando se verifica oscilação na pronúncia dos grupos consonânticos –CC-, -CÇ – CT-, dentro dos mesmos grupos culturais:
interseccionar ou intersecionar
infecção ou infeção
característica ou caraterística
- Quando se verifica oscilação na pronúncia dos grupos consonânticos CC, CÇ , CT, PC, PÇ, PT, BD, BT, GD, MN, TM, em grupos culturais distintos:
Portugal Brasil
facto fato
contactar contatar
conceção concepção
amígdala amígdala/amídala
súbdito súbdito/súdito
subtil sutil
- Quando se verifica divergência de timbre nas vogais tónicas –e- e –o-
Portugal Brasil
polémico polêmico
cómico cômico
ténis tênis
- A letra h-, no início de palavra, mantém-se de acordo com o uso:
Portugal Brasil
Húmido úmido
V - Bibliografia /artigos consultados e a divulgar
Casteleiro, M. e Correia, P. D (2008). Atual:o novo acordo ortográfico (2ª ed.).Lisboa:Texto
[apresentação sucinta das alterações introduzidas pelo novo acordo]
Pinto, Paulo F., rev. Sousa, Ana C. Jorge de e Ferreira, Edviges Antunes (2010).Novo acordo
ortográfico da língua portuguesa (2ªed.). Lisboa: INCM.
[da contracapa: “todas as regras de ortografia, em vigor em Portugal, segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990…”]
[apresentação de fácil consulta dos aspectos essenciais]
Portal da Língua Portuguesa-LINCE, http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=acordo
[informação sistematizada, que inclui, entre outros recursos, o VOP, Vocabulário Ortográfico Português e o conversor ortográfico LINCE. Requisitos: Java 1.5]
FLIP-Ferramentas para a Língua Portuguesa, http://www.flip.pt/AcordoOrtogr%C3%A1fico/PerguntasFrequentes/tabid/536/Default.aspx
[para além das respostas, inclui um conversor gratuito online, disponibilizado pela Priberam)
Porto Editora- Infopedia, http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa-ao
[recursos respectivamente com pesquisa e conversor. Esta editora publica igualmente o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa]
[jogo interactivo/Quizz sobre AO. Conversor da Priberam e outras ligações úteis]
Blogue Educar em Português,http://educaremportugues.blogspot.com/2010/01/o-novo-acordo-ortografico.html
[PowerPoint]
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