segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

ACORDO ORTOGRÁFICO


 DOCUMENTO PRODUZIDO PELAS PROFESSORAS JULIETA SILVA E ROSALINA TIQUE:

  ACORDO
ORTOGRÁFICO
Súmula - 2010-2011




















Sumário



I – Nota introdutória
II – Entrada em vigor nas escolas portuguesas
III – Um pouco de história sobre o Acordo Ortográfico
·         Características de âmbito geral
IV – Casos relevantes das alterações do AO
1.       Maiúsculas e minúsculas
2.       Uso de consoantes mudas
3.       Supressão de acentos gráficos
3.1. Verbos da 2ª conjugação
3.2. Palavras homógrafas
3.3. Palavras graves com ditongo –oi-
4.       Uso do hífen
4.1. Supressão
4.2. Manutenção do hífen
5.       Casos de dupla grafia
V - Bibliografia consultada e a consultar











I – Nota Introdutória
As informações aqui transmitidas sobre o AO à comunidade escolar têm essencialmente dois objectivos. O primeiro, fazer compreender que este novo acordo é o culminar de um processo, iniciado há vinte anos. A língua portuguesa, enquanto processo dinâmico que é, só começou a estabilizar no início do século vinte. De então para cá já sofreu alterações várias, nomeadamente na sua grafia. O segundo objectivo é apresentar alguns casos mais evidentes emais comuns das novas alterações, não pretendendo nunca esgotar toda essa informação, mas, apenas,  constituir um ponto de partida.
Por fim, não sendo um objectivo, é nossa intenção apresentar esta questão de uma forma despojada de intenções a favor ou contra. Embora estejamos conscientes de que, tanto para alunos como para professores, a entrada em vigor e a ruptura com o hábito linguístico fere de forma profunda a nossa sensibilidade de amantes da língua mãe e deixa-nos um sabor a vazio de algo que se vai e que já nos tínhamos habituado a ser nosso.


II – Entrada em vigor nas escolas portuguesas
 Embora ainda a decorrer um período de transição de 2009 a 2015, a nova ortografia será implementada, no sistema educativo português, a partir do próximo ano lectivo, i.e., Setembro de 2011/2012, de acordo com a resolução do Conselho de Ministros de 9 de Dezembro de 2010, publicada em Diário da República, 1.ª série – N.º17 – 25 de Janeiro de 2011.
O referido diploma determina ainda a aplicação do AO, na mesma data, aos manuais escolares a adoptar para esse ano e seguintes, mantendo-se a vigência dos já adoptados até à sua reimpressão ou terminus do período de adopção.


III - Um pouco de história sobre o Acordo Ortográfico
A primeira tentativa de unificação ortográfica da língua portuguesa data de 1911, com a primeira reforma ortográfica. Se, nessa altura, o Brasil se manteve à margem de qualquer acordo, foi a partir de 1931 que se fizeram diversos esforços por encontrar uma ortografia comum. Mas, já nas duas últimas tentativas, em 1980 e 1990, além de Portugal e o Brasil, participaram também novos países africanos de expressão portuguesa. Assim, a 16 de Dezembro de 1990, o Novo Acordo Ortográfico foi preparado pelas delegações da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia Brasileira de Letras e de países africanos lusófonos, e aprovado politicamente pelos ministros e secretários de estado da cultura dos sete países. A tentativa de ratificação do acordo pelos sete países falhou em 1994. Um protocolo modificativo do Acordo foi aprovado com a participação de Timor-Leste, defendendo a sua aprovação desde que ratificado por três países. Actualmente já está ratificado por quatro países, incluindo Portugal. (cf. Casteleiro, M. & Correia, P.D., 2008, 3-4)

Algumas Características de âmbito geral do Acordo Ortográfico (AO)
·         Preferência do critério fonético ao critério etimológico.
(ato, em vez de acto; ótimo, em vez de óptimo; seleção, em vez de selecção)
·         Inclusão das letras K, W e Y no alfabeto português (embora já fizessem parte dos dicionários de língua portuguesa), usadas em palavras estrangeiras, neologismos e símbolos.
·         Redução e sistematização optimizada das regras de emprego do hífen, no que se refere especialmente às palavras formadas por prefixação, recomposição e justaposição (práticas já normalizadas na grafia de certas terminologias).
·         Supressão de acentos ortográficos (veem, em vez de vêem; abençoo, em vez de abençôo; frequente, em vez de freqüente).
·         Redefinição de casos de dupla grafia (corrução (bras.) e corrupção (port.).
·         Redefinição de casos de dupla acentuação, conforme o timbre soa aberto ou fechado (fenómeno/fenômeno; génio/gênio).
Convém saber ainda que:
·         O AO visa a unificação possível, uma vez que a unificação total parece impossível.
·         As alterações introduzidas não interferem absolutamente nas diferenças orais dos países nem nas variações da gramática ou do léxico.
·         O AO previu a produção de um glossário alargado, i.e., Vocabulário Ortográfico Unificado, com a colaboração dos países subscritores, de forma a minimizar os constrangimentos surgidos na sua aplicação.

·         Texto integral do Acordo OrtográficoAQUI.

IV - Casos relevantes das alterações ao AO
1.     Maiúsculas e minúsculas
1.1. Passam a escrever-se com inicial minúscula:
- dias da semana
- meses do ano
- estações do ano
- pontos cardeais e colaterais (sul, norte, este, oeste)

                * mas: as abreviaturas mantêm-se em maiúscula, bem como a designação de regiões:
                A bússola indicava N.
                O Sul é mais quente.
- fulano, beltrano, sicrano





1.2. Uso opcional:

- Títulos de livros, nos quais o primeiro elemento se escreve sempre com maiúscula, bem como os nomes próprios:

A Cidade e As Serras ou A cidade e as serras.
A Ilustre Casa de Ramires ou A ilustre casa de Ramires.

- Fórmulas de tratamento:

Senhor Professor ou senhor professor
Exmo. Sr. ou exmo.sr.

 - Designações de domínios do saber, cursos e disciplinas escolares:

Português ou português
Curso de Design Gráfico ou curso de design gráfico

- Locais públicos, templos ou edifícios:

Rua dos Fanqueiros ou rua dos fanqueiros
Mosteiro da Batalha ou mosteiro da batalha

2.     Uso de consoantes mudas

2.1. Supressão nosgrupos consonânticos (porque não se articulam):

- CC  
abstraccionismo>abstracionismo
leccionar>lecionar
                                              *mas:  ficcional, friccionar

- CÇ
direcção>direção
selecção>seleção
projecção>projeção
*mas: convicção, ficção

- CT
acta> ata
afecto>afeto
directo>direto
correcto> correto
                                                 *mas: facto, pacto, intelectual, pictórico
-PC
decepcionante>dececionante
recepcionista>rececionista
                                                                 *mas: opcional, egípcio

- PÇ

excepção>exceção
percepção>perceção
                                                               *mas: interrupção, opção

- PT

Egipto >Egito
Adoptar >adotar
                                                               *mas: rapto, apto, adepto, eucalipto


2.2. Manutenção de consoantes mudas:

2.2.1.        H inicial, de acordo com o uso:
haver; homem; hera
                                               hã? hem? hum!

2.2.2.        Na grafia das assinaturas e firmas, de acordo com o registo legal adoptado:
            Optimus
            Mello


3.           Supressão de acentos gráficos
3.1. Verbos da 2ª conjugação, na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo:
crêem> creem
dêem> deem
vêem> veem
lêem>leem

3.2. Palavras homógrafas, a distinguir de acordo com o contexto:

pára> para
pêla> pela
pêra> pera
Côa >Coa
                                               *mas:  pôr  e pôde para se distinguirem de por (preposição) e pode
                                                            (presente do Indicativo)
                                               andámos, para se distinguir de andamos (presente do        
indicativo)

                                               dêmos (presente do conjuntivo)  e demos (pretérito perfeito
do indicativo do verbo dar)
                                              
3.3. Palavras graves com ditongo oi:

heróico>heroico
jóia>joia


4.          Uso do Hífen
4.1. Supressão do hífen:

 - O prefixo termina em vogal e o elemento seguinte começa por-r- ou -s- , dobrando-se estas consoantes:

anti-revolucionário>antirrevolucionário
auto-rádio>autorrádio
auto-serviço>autosserviço
contra-relógio>contrarrelógio
micro-sistema> microssistema
mini-saia> minissaia
semi-selvagem>semisselvagem
ultra-sónico>ultrassónico

- O prefixo termina em vogal e o elemento começa por uma vogal diferente:
anti-aéreo> antiaéreo
extra-escolar>extraescolar
auto-estrada>autoestrada
pluri-anual> plurianual

- Nas formas do presente do indicativo do verbohaver:

hei-de> hei de
hás-de> hás de
há-de> há de
hão-de> hão de


- Nas palavras compostas e locuçõesconstituídas por um nome seguido de preposição e de outro nome:

casa de banho
cor de vinho
fim de semana

- Nas palavras constituídas pelos advérbios não ou quase, seguidos deoutra palavra:
não alinhado
não fumador
quase dito
quase estático



4.2. Manutenção do hífen


- O prefixo termina em vogal e o elemento seguinte começa pela mesma vogal:

anti-ibérico
contra-almirante
micro-ondas
semi-interno
*mas: os prefixos co- /pre-/pro-/re- que ocorrem aglutinados, mesmo quea palavra seguinte se inicie pelas mesmas vogais:
cooperar; coordenar
preeminência
proordem; proótica
reescrever

- Quando o segundo elemento começa pela mesma consoante com que termina o prefixo:

hiperresistente

- Quando o segundo elemento se inicia por –h:

anti-higiénico
pré-histórico
sobre-humano

-Quando o prefixo é acentuado:

pré-operatório
pós-independência

- Quando o segundo elemento é um estrangeirismo, um nome próprio ou uma sigla/acrónimo:

                   anti-aphartheid; anti-ETA
pró-António Arroio



- Quando o prefixo ex-significa anterioridade:

ex-marido
ex-presidente                                                 
*mas, mantém-se quando ex- significa
                                                                                      “movimento para fora”:

                                                                                              excêntrico; excesso; excomungar


- Designações de espécies botânicas e zoológicas, ligadas ou não por preposição:

Abóbora-menina, feijão-verde, ervilha-de-cheiro, bem-me-quer, andorinha-grande,              formiga-grande; bico-de-papagaio (flor)

                                                                              *mas: bico de papagaio  (espondilose)


- Nomes gentílicos derivados de topónimos compostos:

são-tomense
nova-iorquina

-Quando o prefixo termina em –m ou –n  e o segundo elemento começa por vogal, n ou m:

circum-navegação
pan-africano


5.          Casos de dupla grafia

- Quando se verifica oscilação na pronúncia dos grupos consonânticos –CC-, -CÇ – CT-,  dentro dos mesmos grupos culturais:

interseccionar ou intersecionar
infecção ou infeção
característica ou caraterística



- Quando se verifica oscilação na pronúncia dos grupos consonânticos  CC, CÇ , CT,  PC, PÇ, PT, BD, BT, GD, MN, TM,  em grupos culturais distintos:


Portugal                                                             Brasil

facto                                                              fato
contactar                                                           contatar
conceção                                                           concepção
amígdala                                                          amígdala/amídala
súbdito                                                                              súbdito/súdito
subtil                                                                 sutil


- Quando se verifica divergência de timbre nas vogais tónicas –e-  e –o-

Portugal                                             Brasil

polémico                                           polêmico
cómico                                                cômico
ténis                                                     tênis

- A letra h-, no início de palavra, mantém-se de acordo com o uso:

Portugal                                                             Brasil

Húmido                                                              úmido



V - Bibliografia /artigos consultados e a divulgar
Casteleiro, M. e Correia, P. D (2008). Atual:o novo acordo ortográfico (2ª ed.).Lisboa:Texto
[apresentação sucinta das alterações introduzidas pelo novo acordo]

Pinto, Paulo F., rev. Sousa, Ana C. Jorge de e Ferreira, Edviges Antunes (2010).Novo acordo
ortográfico da língua portuguesa (2ªed.). Lisboa: INCM.           
[da contracapa: “todas as regras de ortografia, em vigor em Portugal, segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990…”]
[apresentação de fácil consulta dos aspectos essenciais]

Portal da Língua Portuguesa-LINCE, http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=acordo
[informação sistematizada, que inclui, entre outros recursos, o VOP, Vocabulário Ortográfico Português e o conversor ortográfico LINCE. Requisitos: Java 1.5]

[para além das respostas, inclui um conversor gratuito online, disponibilizado pela Priberam)


Porto Editora- Infopedia, http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa-ao
[recursos respectivamente com pesquisa e conversor. Esta editora publica igualmente o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa]

[jogo interactivo/Quizz sobre AO. Conversor da Priberam e outras ligações úteis]

Blogue Educar em Português,http://educaremportugues.blogspot.com/2010/01/o-novo-acordo-ortografico.html
[PowerPoint]

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